quinta-feira, 19 de março de 2015

O Brincar na Infância e sua relação com a escrita criativa

"[...] só temos uma vida, e os nossos desejos e fantasias nos exigem ter mil. Porque o abismo entre o que somos e o que gostaríamos de ser precisava ser preenchido de alguma maneira. Para isto existem as ficções [...]" (Vargas Llosa).
Recorremos às palavras do escritor e jornalista Vargas para falar do lugar das ficções na vida humana e de como podemos relacioná-las ao brincar na infância.
Para tanto, recorreremos a um texto de Freud intitulado Escritores criativos e devaneios (1908 [1907]) em que ele expressa admiração pela capacidade que os poetas possuem de impressionar o leitor e despertar-lhe emoções.
Esse texto é muito bonito, pois nele Freud apresenta a relação entre a brincadeira das crianças e a criação poética. Esse escrito resgata a importância do brincar na infância, bem como a função deste. Para Freud, brincadeira de criança é coisa séria!
Em tempos em que vemos a importância do brincar de nossas crianças ser menosprezada, penso que vale a pena resgatar o que Freud nos disse no início do século XX sobre esse assunto. 
Freud começa o texto expressando sua admiração pela capacidade dos escritores criativos em impressionar o leitor despertando as emoções dele.

Segundo ele, as obras literárias podem auxiliar o homem a livrar-se das pesadas cargas impostas pela vida ao proporcionar-lhe momentos de prazer. Somos lidos pelas obras literárias. Mas o que isso quer dizer? Quer dizer que uma obra literária possui a capacidade de dizer algo de nós, de representar nossos desejos.
Sobre o brincar Freud diz que “[...] ao brincar toda criança se comporta como um escritor criativo, pois cria um mundo próprio, ou melhor, reajusta os elementos de seu mundo

de uma nova forma que lhe agrade [...]”. (Freud, p. 135, (1908 [1907]). Segundo Freud, o brincar da criança é motivado pelo desejo que ela tem de ser grande e adulto.
Sendo assim, deixemos que nossas crianças brinquem!! E que nos sirvamos dos textos elaborados pelos escritores criativos para que seja possível suportar o abismo entre o que somos e o que gostaríamos de ser, tal como colocou Vargas Llosa e para que a vida possa ser mais leve!

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